A música pode salvar o mundo

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Ana Lourdes Bal - Agecom/UFRN
Foto: EMUFRN
 

A música vai salvar o mundo”, disse o violoncelista Pau Casals durante um discurso na Organização das Nações Unidas (ONU). Para o vice-diretor da Escola de Música da UFRN (EMUFRN), Fábio Presgrave, essa frase adequa-se bastante ao momento atual de pandemia, no qual é propício ouvir música ou até aprender a tocar um instrumento. “É um momento em que a gente teve de se voltar mais para o nosso interior e compreender muito mais os nossos sentimentos. Como a gente se relaciona com esse mundo de expressividade e a abstração que a música traz”, afirma ele.

“O benefício de aprender música, um instrumento, é algo que sinto falta no nosso país atualmente. Cantar é uma das expressões mais básicas do ser humano. Como a música foi tirada como disciplina obrigatória das escolas, temos uma geração inteira de pessoas que não se acostumou a cantar”, conta o vice-diretor.

Costumeiramente, as pessoas que cantam estão na igreja ou na família e têm alguma tradição de cantar. “Não saber cantar limita demais. Porém, quando eu, por exemplo, posso tocar com alguém cujo idioma eu não falo, nem ela o meu, no momento em que estamos tocando juntos, estamos nos comunicando”, lembra o vice-diretor.

“A música faz parte da comunicação com a transcendência, do sagrado, dos momentos festivos, dos momentos de reflexão. Então ela tem uma característica intrínseca, inerente ao ser humano”, explica Fábio. Para ele, escutar música pode trazer muitos benefícios, seja ouvindo ou praticando.

Aprender um instrumento pode ensinar muito sobre disciplina. “É muito bonito tocar um instrumento, mas se a pessoa não tiver persistência no estudo, aquilo nunca vai pra frente. Além disso, o instrumento te obriga a ouvir seu próprio corpo, porque não é um ato mecânico, ele é um aprendizado muscular constante, junto com o aprendizado emocional”.

O que diz a psicologia

Do ponto de vista da psicologia, a música pode ter efeitos terapêuticos que diminuem a quantidade de estresse no corpo. Isso é o que explica o professor do Departamento de Psicologia, Marlos Alves. “Estamos em uma sociedade na qual vivemos em função de muita performance, de muita pressão. A música pode ajudar com os estados ansiogênicos e também dos conectar com estados de contentamento, estados alegres da alma. Ela também pode ajudar a trabalhar processos como a depressão”, conta Marlos.

Ele também diz que a música pode ser indutora de estados estressantes. Por exemplo, a depender do tipo de atividade que se vai desempenhar, pode-se escutar músicas mais agitadas, como as que se ouvem em academias. “Isso te coloca em um estado mais proativo de disposição física e pessoal para o desempenho de determinadas atividades”, explica. Já se você vai estudar, o ideal é escutar algo mais calmo e tranquilo. “Há um estímulo musical adequado para criar cada tipo de favorecimento.”

Uma crítica feita pelo professor de Psicologia é em relação à formação humana. “A ideia de uma formação holística, na sua totalidade, tem sido abandonada. Principalmente com o projeto da modernidade, que é o projeto da hiper, ultra, mega especialização. Então, assim, as pessoas são formadas para o mercado de trabalho, as pessoas são formadas para o desempenho de atividades e preenchimento de mão de obra. Não existe mais um processo de formação humana. Nesse sentido, a música, assim como a filosofia e o esporte, entrava nesse processo de mente sã e corpo são”, diz ele. “O aprendizado da música reflete esse caminho de unidade e integração. Através do som, nós identificamos os estados da alma. A prática é também uma f orma de expressar suas emoções, seja cantando ou tocando um instrumento”, encerra.

Aula magna

A saúde e o bem-estar humano por meio da Ciência da Música é o tema da aula magna da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que será ministrada pela premiada violoncelista e professora do Royal College of Music de Londres, Tania Lisboa. Para marcar o início do período letivo de 2021, o evento será transmitido pelo canal da UFRN no YouTube e pela TV Universitária (TVU), às 9h, no dia 16 de julho.  Leia no portal UFRN.


Fonte: Notícias da UFRN - N° 124


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