Ilustração do autor
AUTOR: Hadoock De Aninha
Um pobre sapo, coitado
Vivia em sua aldeia
Socado dentro da lama
Dentro da barroca cheia
De água suja de esgoto
Rodeada de areia.
Ali passava as horas
Com seus velhos companheiros
Aqui e acolá uma saída
Pra se alimentar nos terreiros
Comendo besouros que achava
No tronco de uns coqueiros.
Entretido, um certo dia,
O pobre sapo, coitado
Afastou-se dos amigos
E foi parar num sobrado
De um homem muito rico
Que parecia educado.
Porém sua educação
Não tinha grande nobreza
Servia como uma máscara
Pra aquela sua riqueza
Pois não tinha aprendido
Respeitar a natureza.
Quando viu aquele sapo
Passeando pelo chão
Na sua área coberta
Encheu-lhe o coração
De raiva, de ódio e nojo
Sem nenhuma educação.
E não pensou duas vezes
Com raiva foi pra ofensiva
Judiando o pobre sapo
De forma tão ostensiva
Mostrando ser muito brabo
Com essa ação destrutiva.
O
pobre sapo ficou
Mole
como linguiça
Tentando
entender o porquê
Daquela
grande injustiça
Ou
o homem não pensava,
Ou
tinha muita preguiça.
E
muito tristonho ficou
Com
o olhar esbugalhado
Tentando
dizer pro homem
Que
era um pobre coitado
Pois
nunca ofendeu ninguém
Pra
ser assim maltratado.
Sentou-se
então numa pedra
Em
frente aquela morada
Olhando
fixo nos olhos
Começou
em disparada
A
conversar com o homem
Sentado
numa calçada.
E
disse assim para ele:
-
Meu Deus! Por que sofro assim?
Vivo
fazendo o bem
Ninguém
tem pena de mim!
Sou
o bicho mais odiado
Neste
mundaréu sem fim.
É porque eu tenho a boca
Um pouco grande e rasgada?
Os olhos são como bilas
A pele um pouco enrugada?
Não vejo motivo nenhum
Pra espécie ser odiada.
Assim como o homem aprende
Nas escolas da cidade
A gente também ensina
Na nossa Universidade
Que se chama natureza
Onde ensina de verdade.
Eu
não sei porque o homem
Tem
tanta raiva da gente
Nós
só vivemos nas águas
O
nosso próprio ambiente
Um
lugar que vocês jogam
A
sujeira e o poluente.
Não
temos mais o habitat
Natural
em que vivemos
Pois
o homem degradou
E
assim nós não podemos
Vivermos
em harmonia
No
lugar que nós queremos.
Foi
por isso que a gente
Mudou-se
para a cidade
Pra
vivermos nos esgotos
Sofrendo
com a maldade
Que
emana do seu peito
Repleto
de crueldade.
Os
minutos se passaram
O
homem ali observava
Aquele
sapo coaxando
Sem
saber o que ele falava
Pegou-lhe
na perna e jogou
Na hora que um carro passava.
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