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Comunidade universitária realiza ações voluntárias para enfrentamento da covid-19
 
Texto: Marida Gadelha - Reitoria/UFRN
Fotos: Cícero Oliveira - Agecom/UFRN
 
Vacinação em condomínios é uma das ações voluntárias da comunidade universitária na pandemia
 

O bioquímico chega ao trabalho antes das 7h e só vai embora depois das 19h, após uma longa jornada de testes diários para diagnóstico da covid-19. A docente atua na mesma missão, a partir de rodízio com outros professores, que inclui finais de semana com expediente até depois das 20h. A estudante de doutorado deixa a tese um pouco de lado para levar esperança por meio da vacina, aplicada em idosos de condomínios e instituições de longa permanência, enquanto a professora organiza rotas e equipes para garantir atendimento de todos os cadastrados. Já o grupo de estudantes oferece um curso gratuito para as empresas do mercado de alimentos, que aprendem como adaptar o negócio durante a crise causada pela pandemia do novo coronavírus.  

Esses personagens da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que vão além das atribuições institucionais e confirmam a missão social das universidades públicas, atuam em iniciativas que convergem para o mesmo caminho: o da solidariedade, que se torna ainda mais essencial no difícil momento de incertezas, perdas, saudades e medo. O mês de março registra um ano de pandemia, durante o qual foram contabilizados mais de 11 milhões de casos e quase 280 mil mortes no Brasil. Diante desse cenário preocupante também no Rio Grande do Norte, onde os números caminham para quase 4 mil mortos e mais de 180 mil infectados, os integrantes da UFRN somam forças para ajudar a sociedade por várias linhas de frente, em trabalhos voluntários que fazem a diferença para o enfrentamento à covid-19.  

Expertise a serviço da comunidade 

Ivanise Rebecchi usa conhecimento em biologia molecular para contribuir com testes no IMT

Entre as ações está a realização de testes para diagnóstico da covid-19, a fim de auxiliar o governo estadual com a estrutura e os recursos humanos disponíveis na universidade. De início, o Departamento Análises Clínicas e Toxicológicas (DACT/UFRN) recebeu as demandas de testes das arboviroses para desafogar o Laboratório Central de Saúde Pública do RN (Lacen), onde o volume de amostras para detecção de covid aumentou a ponto de ser urgente o apoio da UFRN. Foi então que o DACT e outras unidades se uniram ao Instituto de Medicina Tropical (IMT) para atender à necessidade. 

“Essa é uma forma de nós, como servidores públicos, usarmos nossa expertise à disposição da comunidade”, afirma a professora Ivanise Rebecchi, que integra a equipe de voluntários desde o início do trabalho. Com formação acadêmica conquistada em universidade pública, a docente do DACT acredita que a ação é um meio de retribuir à sociedade o conhecimento adquirido. “Estamos enfrentando uma batalha contra um vírus letal e cabe a nós contribuir da maneira que podemos, a partir do diagnóstico em mãos, que pode melhorar de algum modo as circunstâncias atuais”, analisa.  

Para tanto, os docentes da UFRN trabalham em rodízio para dar conta de todas as amostras que chegam de várias regiões do Estado. Ivanise Rebecchi, por exemplo, cumpre horário duas vezes na semana, a partir das 14h, e vai embora entre 20h e 21h. “Às vezes também vamos aos finais de semana, para dar conta da demanda, e assim iremos permanecer enquanto for preciso, já que esse trabalho requer pessoal especializado”, garante. 

Ao lado da professora atua o farmacêutico-bioquímico Antonnyo Palmielly Diógenes, servidor técnico-administrativo da UFRN lotado no DACT, que há cerca de um ano está cedido ao IMT para realizar os testes de covid-19. Desde o início da pandemia o servidor também atua no Lacen com o mesmo propósito, em uma rotina cansativa e sem perspectivas de quando irá acabar. “No começo eu me sentia muito feliz por prestar serviço à comunidade. A primeira avalanche de casos foi bem assustadora, diariamente chegando antes das 7h e saindo após as 19h. Saíamos esgotados física e mentalmente, só que havia aquela sensação de dever cumprido por não deixar pendências e a esperança de que em algum momento haveria redução”, detalha o servidor, que revela sentir um estado de “automaç ;ão” neste segundo pico de transmissão. 

Em rotina desgastante, Palmielly Diógenes abdicou das férias para continuar realizando testes

“Perdi a noção do tempo, todos os dias são os mesmos: eu tenho que ir trabalhar e executar aquela rotina de covid com mil, duas mil amostras. Já sei que vai ter aquele ‘montão’ de positivos e ligações de médicos e enfermeiros desesperados por resultados para ‘rodar’ leito de UTI, fechar óbito… já não assusta tanto o número de casos positivos, o número de óbitos, a empatia e o sentimento de tristeza já não são os mesmos. Isso é estar no automático”, desabafa.  

Além do trabalho desgastante, Palmielly Diógenes também teve a vida pessoal afetada em função do risco diário de exposição ao vírus, motivo pelo qual só viu os pais uma vez e não vê a sobrinha há mais de um ano. “Eu e minha esposa viramos o ‘casal covid’, porque ela também trabalha com o vírus em um laboratório de biologia molecular. Então é sobre esse sacrifício que não apenas nós, mas milhares de profissionais de saúde fazem diariamente para combater o coronavírus e dar esse retorno à comunidade”, finaliza. 

Esperança de porta em porta 

Em meio à exaustão dos profissionais e do medo que assola a população em geral, a vacina contra a covid-19 surge como promessa de solução. Nesse momento, mais uma vez a solidariedade da comunidade universitária protagoniza o trabalho voluntário para imunizar os idosos em condomínios e instituições de longa permanência (ILPIs) de Natal, com o intuito de evitar que esse grupo corra o risco de exposição ao coronavírus. Aproximadamente 350 idosos de 19 ILPIs receberam a primeira dose da vacina em fevereiro, já o trabalho nos condomínios iniciou no dia 15 de março e começou com o público-alvo de pessoas a partir dos 76 anos de idade.  

Espera-se que sejam vacinados cerca de 1.600 idosos de 500 condomínios cadastrados no aplicativo Vacina Idosos, criado pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN). A ação é fruto da parceria de diversas unidades da UFRN e tem entre seus integrantes a professora Viviane Euzébia Pereira Santos, do Departamento de Enfermagem (Denfer/UFRN), que organiza as rotas, equipes, e orienta os síndicos sobre a melhor estrutura para os locais de vacinação. A voluntária avalia que a iniciativa contribui para “realmente ser útil durante a pandemia, usando a profissão em prol dos que necessitam. Ajudar minimamente é gratificante”. 

Confira o VÍDEO com depoimentos coletados durante vacinação nos condomínios

A gratidão dos beneficiados é destacada como maior recompensa pela doutoranda em Enfermagem Flávia Thiavone, que também compõe a equipe. Para ela, não há dinheiro que compre as demonstrações de afeto recebidas por onde passa, principalmente nas ILPIs. “Alguns idosos faziam plaquinhas, outros rezavam, e uma senhora até cantou para nós em uma instituição. Agora, nos condomínios, eu desejo levar esperança a cada dose aplicada, com o pensamento de que nós vamos sair dessa”, declara.  

A estudante participa da iniciativa desde o ano passado, quando houve a imunização em condomínios contra a Influenza. Essa foi a primeira ação do projeto, desenvolvido em parceria entre os departamentos de Enfermagem (Denfer/UFRN), Saúde Coletiva (DSC/UFRN) e Odontologia (DOD), a Escola de Saúde (ESUFRN), o Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGE/UFRN), o Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSCol/UFRN) e o LAIS. 

Economia adaptada 

As consequências da pandemia atingem também a economia, para a qual devem igualmente se voltar esforços que garantam a sobrevivência das empresas e dos empregos. Nesse sentido, o grupo de estudantes do Núcleo de Tecnologia em Engenharia Química (NuTEQ), empresa júnior ligada às engenharias Química, de Alimentos e Ambiental da UFRN, desenvolveu o curso gratuito Como adaptar seu negócio para a crise. Nele são abordados temas como as estratégias de precificação, boas práticas de higiene, eliminação de desperdício e gestão do estabelecimento. As aulas estão disponíveis no canal da NuTEQ no Youtube.  

De acordo com o vice-presidente da NuTEQ e aluno de Engenharia Química da UFRN, Daniel de Moura Serino, o mercado de alimentos foi muito prejudicado durante a pandemia, já que a maioria funcionava em estabelecimentos presenciais e se viu na obrigação de estruturar o serviço delivery. “Muita gente não sabia como fazer isso às pressas, então pensamos em como ajudar. Nós montamos um projeto piloto gratuito para alguns clientes e orientamos como encantar neste momento tão difícil. Ao mesmo tempo, quisemos atingir o público que não tinha capital para pagar um projeto nosso, oferecendo o curso gratuito”, explica.  

O universitário ressalta que o período atual exige dos bares e restaurantes a mudança de foco, a fim de adaptar o negócio à nova realidade. Para tanto, as dicas oferecidas nas aulas oferecem os conhecimentos essenciais para a definição adequada de preços, a realização de promoções, o mapeamento de gastos, assim como a correta manipulação de produtos para evitar contaminação, já que o delivery pode ser um vetor para o coronavírus. A partir do conteúdo gratuito e on-line, a NuTEQ espera levar informação ao máximo possível de pessoas, de modo que a solidariedade, mais uma vez, faça a diferença em muitas vidas. 

NuTEQ viu o período da pandemia como oportunidade para estruturação e eliminação de gargalos na produção dos estabelecimentos

Fonte: https://ufrn.br/imprensa/reportagens-e-saberes/45209/ufrn-solidaria

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