Startup de pesquisadoras da UFRN alcança resultados distintivos em seleções nacionais


Wilson Galvão de Ascom AGIR
A ideia inovadora que circunda a ideia da MicroCiclo foi também aprovada na seleção nacional Conecta Startup Brasil na 16º colocação.
Um grupo de pesquisadoras vinculado ao Centro de Biociências (CB/UFRN) conseguiu um feito singular nas últimas semanas: ser selecionado no edital Swissnex para o programa Academy-Industry Training e, ao mesmo tempo, estar na etapa final do Projeto Centelha no Rio Grande do Norte e ainda na segunda fase do programa Conecta Startup Brasil.
O resultado do primeiro foi comunicado por e-mail na última sexta-feira, 17, em uma iniciativa cuja raiz reside em uma colaboração Brasil e Suíça que escolhe anualmente dez startups brasileiras, realizado pela Swissnex Brazil, em colaboração com a Universidade de St. Gallen (CLS HSG), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
A segunda conquista foi divulgada no mês de maio e diz respeito ao projeto “Biotecnologia aplicada à Biorremediação”, um projeto de startup que visa oferecer serviço de biorremediação de resíduos oleosos. Por fim, em julho, o grupo recebeu a notícia de que estava entre as 50 startups selecionadas no país pelo programa Conecta Startup Brasil (MCTIC).
A Biorremediação consiste no uso de organismos vivos, principalmente microrganismos, para degradar contaminantes tóxicos em formas menos tóxicas. Coordenadora da equipe, a professora Lucymara Fassarella Agnez Lima frisou que essa é a primeira experiência do grupo em empreendedorismo. Ela explicou que a iniciativa surgiu a partir dos estudos vinculados a uma das linhas de pesquisa conduzidas por ela, voltada à biotecnologia e microbiologia associada a petróleo.
“Ao longo de mais de 10 anos temos estudado diferentes mecanismos de degradação de óleo e descobrimos novos genes e microrganismos com potencial para biorremediação de áreas impactadas e resíduos industriais contaminados. Assim incentivei minhas orientandas a criar a startup, visando atender a essa lacuna no mercado. Está sendo bem estimulante e esperamos concretizar essa ideia”, colocou a cientista.
O método aplicado pela empresa está entrelaçado a inúmeros benefícios.
Vinculados ao Laboratório de Biologia Molecular e Genômica, o grupo de cientistas conta também com Carolina Fonseca Minnicelli, Marbella Maria Bernardes da Fonsêca, Rita de Cássia Barreto Silva-Portela, Júlia Firme Freitas e Kamilla Karla da Silva Barbalho, todas vinculadas à UFRN, seja através do programa de pós graduação em Biotecnologia (Rede Nordeste de Biotecnologia – RENORBIO) ou em Bioquímica.
Elas pontuaram que o projeto está alinhado com a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2016 / 2022 bem como incluído no Plano de ação em Ciência Tecnologia e Inovação para Biotecnologia como uma estratégia de implementação da linha temática 1 de biotecnologia ambiental, que coloca as ações de biorremediação como prioritárias no Brasil, em consonância com as prioridades mundiais.
A Startup
Denominada MicroCiclo, a nova empresa apresenta uma solução para o acúmulo de resíduos tóxicos ou contaminações, classificados pela Norma Brasileira de Resíduos 1004 como perigosos. Poluentes como metais pesados e corantes, entre outros, que são gerados por diversas indústrias, como a têxtil, mineradoras, empresas de refino, transporte e armazenamento de combustível fóssil.
Júlia Firme Freitas explicou que o não cumprimento da norma é considerado crime ambiental e gera multas. “A Microciclo propõe um serviço de tratamento de resíduos tóxicos através da biorremdediação, processo pelo qual se aplica microrganismos para remover os contaminantes. O nosso serviço se baseia na seleção de microrganismos degradadores a partir do próprio ambiente contaminado, ou a partir de nosso próprio banco de isolados bacterianos. Contamos com quase cem linhagens bacterianas ou comunidades de bactérias prontos para serem utilizados no tratamento de ambientes impactados. Assim, aceleraremos um processo que normalmente leva anos para acontecer. Ao final deste processo, obteremos um resíduo viável para o retorno ao meio ambiente, aplicável ao ciclo produtivo”, disse Júlia Freitas.
O diferencial da MicroCiclo é apresentar um método único de monitoramento e acompanhamento de genes de degradação, baseado no fato de que os microrganismos podem se alimentar de uma ampla gama de materiais, incluindo os resíduos ambientais; inclusive, a empresa é pioneira em oferecer o serviço de biorremediação no Nordeste. Carolina Minnicelli pontuou ainda que os métodos de descarte, armazenamento e reaproveitamento dos resíduos geram altos custos para a indústria.
Ela acrescentou ainda que os métodos físicos e químicos disponíveis atualmente geram subprodutos que podem acumular-se ao longo dos anos e que a contaminação acidental causada por estes poluentes é outro problema, com um impacto ambiental que provoca efeitos econômicos negativos, que são sentidos por setores diversos, como até o setor hoteleiro. “Permitindo a reutilização do resíduo, a empresa coloca em prática o conceito de Economia Circular com Sustentabilidade”, finalizou a cientista.

Com outras informações sobre a MicroCiclo, a empresa possui perfis com materiais explicativos nas plataformas Youtube, Instagram e linkedin.

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