DECOLONIZAR É PRECISO!

 


Novembro, Mês da Consciência Negra, é um período vital para celebrar a cultura e a imensa contribuição dos negros e negras para a formação do Brasil. Contudo, a reflexão não pode parar na celebração, ela deve nos impulsionar a protagonizarmos ações verdadeiramente transformadoras, principalmente, no âmbito da educação. Devemos lutar pela decolonização do currículo educacional brasileiro.

Ainda hoje, nossos materiais didáticos – mesmo, os mais renomados e consumidos pelos estabelecimentos particulares e públicos, além de diferentes plataforma e programas de estudo, têm reforçado uma visão eurocêntrica, branca, elitista e machista em diversas áreas do conhecimento, relegando a produção intelectual de pensadores e pensadoras negras a notas de rodapé ou, pior, ao esquecimento. Isso gera um efeito perverso: o apagamento da intelectualidade negra mina a autoestima de estudantes negros e priva todos os alunos da riqueza e da complexidade de um pensamento plural acerca da identidade brasileira.

Reconhecer e valorizar a produção de autores como Lélia Gonzalez, Abdias do Nascimento, Carolina Maria de Jesus, Sueli Carneiro, Milton Santos e tantos outros, não é apenas um ato de reparação histórica. É um imperativo pedagógico. É reoxigenar o saber, mostrando que o conhecimento e os diferentes saberes aos quais temos acesso hodiernamente, não se trata de uma realização única e exclusivamente europeia, como nos tem sido historicamente exposto. Devemos saber que séculos antes daquilo que chamamos de Europa se formar, africanos e asiáticos já produziam conhecimentos em diferentes áreas do saber. Devemos ter a consciência de que em outros lugares do mundo, povos de diferentes etnias, já se organizavam como sociedade e possuíam diversos códigos, legislações e crenças. A história não nasce com a Europa, mas grande parte dela foi apagada pelos europeus em nome da construção de uma centralidade narrativa em que o mundo que conhecemos, parece ter sido desenhado e descrito por eles. Não se trata de negar ou desconsiderar a produção europeia e dos seus pensadores, mas sim, de incluir e valorizar a produção de outros agentes e atores sociais, políticos, culturais e históricos.

Decolonizar o currículo significa integrá-los de forma orgânica e central, transformando o modo como o Brasil se enxerga e como se conta sua própria história. É a chave para construir uma educação que seja, de fato, inclusiva, justa e representativa, preparando educadores e cidadãos conscientes de um país cuja maior riqueza reside na sua diversidade.

 

Prof. Me. André Nascimento

Doutorando em História pela UFRN

Tutor da EAD - SEDIS

 

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